Nos últimos anos, tem sido notória a carência de parcerias mais estreitas entre as indústrias biotecnológicas e farmacêuticas com o setor acadêmico. A economia do País tem facultado o investimento de grandes multinacionais em solo nacional, porém ainda inexistem profissionais devidamente qualificados, sobretudo àqueles que possuam, além do profundo conhecimento técnico, a versatilidade e agilidade necessárias no campo dos negócios. Além disso, tem sido demonstrado, por inúmeras experiências em outros países, que a aplicação da Biotecnologia é um caminho seguro e rentável de resolver problemas econômicos e sociais em diversos setores, tais como o de combustíveis, alimentos e insumos para a saúde humana e animal. Este último, sobretudo, merece especial atenção, uma vez que grande parte dos produtos e fármacos biotecnológicos utilizados no Brasil é produzida em outros países, ou dependem total ou parcialmente de tecnologia estrangeira.
Visando suprir a deficiência em pessoal qualificado para o trabalho na área de biotecnologia, voltada, sobretudo, para a saúde humana e animal, propõe-se aqui o curso na modalidade Mestrado Profissional.
Vale a pena lembrar que existem hoje diversos cursos de graduação das instituições envolvidas cujos egressos seriam candidatos em potenciais para o Mestrado Profissional aqui proposto, e possivelmente, já seriam inseridos no mercado de trabalho imediatamente após a graduação. Cabe ressaltar que a iniciativa teve origem de demanda da empresa internacional AMGEN para os pesquisadores das instituições participantes. Essa empresa já dispõe de um programa com proposta similar, em funcionamento na Universidade de Duke, Carolina do Norte, Estados Unidos da América. A empresa se comprometeu a disponibilizar a plataforma e seu conteúdo para o programa.
O público-alvo e o tipo de formação têm um foco muito mais definido e delimitado que um mestrado acadêmico. Além disso, é importante ressaltar que formação teórica envolve um entendimento geral dos processos necessários para o desenvolvimento, produção e comercialização de biofármacos e bioprodutos para a saúde humana e animal, incluindo desde pesquisa e desenvolvimento (P&D), produção, melhoramento, testes pré-clínicos e clínicos, e marcos regulatórios e legislação nacional e internacional.
A área de Biotecnologia vem experimentando uma grande expansão nos últimos anos em todo o mundo. No Brasil, tal expansão chega tardiamente, não apenas por falta de investimentos no setor, mas, sobretudo, pela carência de profissionais capacitados para atuar na área. O dinamismo do setor produtivo requer não apenas o conhecimento técnico de alto padrão, mas também o reconhecimento dos processos tecnológicos e legais a serem percorridos até que o produto atinja o mercado e assim alcance seu público-alvo.
O cenário da crise financeira mundial, contudo, tem feito com que mais e mais as empresas farmacêuticas, sobretudo as multinacionais, busquem se estabelecer em países emergentes, onde a economia, ao contrário do que acontece globalmente, começa a mostrar sinais de favorável estabilidade. Tal é o caso do Brasil, onde os investimentos em Biotecnologia, sobretudo em Saúde humana e animal, têm crescido nos últimos anos, e deve sofrer um “boom”, segundo analistas de mercado. Assim, diante desse cenário, propõe-se aqui um Mestrado Profissional, que venha a atender as necessidades da crescente indústria ligada à saúde humana e animal no País.
Cabe ressaltar que o mestrado envolvendo equipes de múltiplas instituições (em associação) diminui os gastos com o ensino, além de facultar o ensino a alunos oriundos de várias regiões do País. Tal modalidade maximiza o contato entre alunos e docentes com “expertises” em diversas áreas do saber, ao mesmo tempo em que estabelece parceiras, evitando a duplicação onerosa de infraestrutura física, e ainda facilita o contato dos alunos com as empresas do setor.
Em um país como o Brasil, que está despertando para seu potencial biotecnológico, a proposta cooperativa de diversas universidades e institutos de pesquisa junto com uma empresa é de grande relevância, passando a atender ao mercado industrial já existente, em estágio inicial ou em criação nas várias regiões envolvidas. Todas as regiões, no entanto, necessitarão de pessoal qualificado, que não apenas entenda a questão tecnológica, mas que possua o conhecimento global do mesmo, incluindo marcos regulatórios e questões legais nacionais e internacionais.
Ao mesmo tempo, a organização em associação não deixa de atender ao mercado industrial local, uma vez que do programa participam também instituições do Sudeste e do Nordeste, regiões onde o setor produtivo tem mais forte presença.